PORTUGUESE PAVEMENT CANDIDATE FOR NATIONAL INTANGIBLE CULTURAL HERITAGE
Lisboa, 19 mar 2021 (Lusa) – A candidatura da calçada portuguesa a
Património Cultural Imaterial Nacional, hoje apresentada em Lisboa, visa
a sua preservação como "elemento identitário" e a valorização da arte
de calceteiro, segundo os promotores da iniciativa.
A proposta,
que ainda será entregue hoje, foi apresentada numa cerimónia na Câmara
de Lisboa, que decorreu com a presença de representantes da Associação
Calçada Portuguesa, promotora da candidatura, e do município de Lisboa,
cidade onde este tipo de pavimento tem maior expressão.
A
apresentação da candidatura para inscrição no Inventário Nacional do
Património Cultural Imaterial, transmitida 'online', foi feita pelo
secretário-geral da Associação Calçada Portuguesa, António Prôa, que
começou por identificar as ameaças e as oportunidades com que a calçada
portuguesa se depara.
A diminuição de mestres calceteiros, a
falta de manutenção e a má construção, a forte concorrência de outro
tipo de pavimentos, e o declínio das indústrias extrativa e de
transformação da pedra foram as principais ameaças identificadas.
A
título de exemplo, António Prôa referiu que em 1927 existiam na cidade
de Lisboa 400 calceteiros, enquanto em 2020 esse número era de apenas
18, sendo que só estavam 11 no ativo.
O fraco reconhecimento social e remuneratório da profissão foi a principal justificação para esta diminuição.
No
entanto, os promotores da candidatura acreditam que estão reunidas as
condições para promover a calçada enquanto "elemento distintivo e
identitário", valorizar a profissão de calceteiro e "um saber fazer
singular", e potenciar a "eficiência e a sustentabilidade ambiental".
António
Prôa explicou que vai estar assegurado um conjunto de medidas de
salvaguarda da calçada portuguesa, quer através do seu "estudo e
investigação", quer pela "divulgação, valorização e sensibilização".
O
também deputado municipal de Lisboa admitiu que o objetivo final é, a
curto prazo, apresentar na Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) uma candidatura da calçada
portuguesa a Património Cultural Imaterial da Humanidade, à semelhança
daquilo que sucedeu com o fado.
"Com esta maturidade do processo,
assim que houver oportunidade de o fazer, eu penso que a associação
estará em condições de apresentar esse trabalho", apontou.
Por
seu turno, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina
(PS), afirmou tratar-se de "um dia muito especial", uma vez que a
calçada portuguesa "faz parte da identidade da cidade".
"Há muito
que ultrapassou a dimensão de pavimento, a dimensão de arte urbana e
tem muito esta dimensão identitária, que nos reúne, que nos identifica,
que nos autonomiza face a outras realidades", sublinhou.
Nesse
sentido, o autarca comprometeu-se a apoiar todas as iniciativas que
ajudem a promover a calçada portuguesa e a preservá-la.
"Eu vejo
este dia não como o fim, mas como o início de uma nova etapa que nos
deve levar a bater pela arte da calçada como Património Imaterial da
Humanidade", disse.
A calçada portuguesa resulta do calcetamento
com pedras de formato irregular, geralmente em calcário branco e negro,
que podem ser usadas para formar padrões decorativos ou mosaicos pelo
contraste entre as pedras de distintas cores.
Além de Portugal,
está presente em locais como Espanha, Gibraltar, Bélgica, República
Checa, China, Macau, Malásia, Timor-Leste, Angola, Moçambique, África do
Sul, Brasil, Estados Unidos e Canadá.
A intenção de avançar com a
candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade tem alguns
anos na capital: em 2016, o município aprovou por unanimidade o arranque
do processo, referindo então que iria pedir a colaboração de outras
cidades com este pavimento.
Em 2018, a autarquia aprovou um apoio de 110 mil euros à Associação Calçada Portuguesa para aplicar na candidatura.
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